sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


“EXISTEM MUITOS CRENTES QUE
CONSTANTEMENTE SE ESQUECEM DE QUE SÃO CRISTÃOS”


“QUANDO NÃO SABEMOS QUEM SOMOS,
ACABAMOS FAZENDO O QUE NÃO DEVEMOS”

A Doutrina do Inferno


A Doutrina do Inferno
por
Vincent Cheung


Abaixo está um sumário da minha posição com respeito à doutrina do inferno. Alguns dos pontos (ou os detalhes específicos dentro daqueles pontos) são impopulares e controversos. Eu estou ciente das objeções; eu já as estudei e considerei cuidadosamente; e possuo respostas biblicamente e racionalmente definidas contra elas. Já fornecei algumas destas em meus livros e artigos, e pretendo tratar das restantes em escritos futuros. Assim, até que argumentos bíblicos inegáveis sejam oferecidos para refutar qualquer um dos pontos que se seguem, ou qualquer um dos detalhes dos mesmos, devo considerar todos eles como bíblicos e coerentes, e, dessa forma, necessários e inegociáveis.
Eu tenho fortemente declarado minha insistência sobre estes pontos, pois estou ciente de que algumas das minhas crenças sobre o assunto são apaixonadamente confrontadas por muitas pessoas, incluindo cristãos reformados. Contudo, a verdade é que, se removermos todas as suposições anti-bíblicas, desnecessárias e injustificadas que são tão amplamente afirmadas, tornar-se-á claro que os seguintes pontos representam a única posição bíblica e coerente.
Dito isto, apresento a você os seguintes 10 pontos:
1. O inferno é um lugar criado para os espíritos réprobos, tanto dos anjos como dos homens.
2. O inferno é um lugar cujos habitantes foram soberanamente e incondicionalmente criados por Deus para condenação.
3. O inferno é um lugar no qual Deus exige castigos não-redentivos, mas vindicativos, dos seus habitantes.
4. O inferno é um lugar no qual Deus ativamente causa tormento eterno, consciente e extremo nos seus habitanets.
5. O inferno é um lugar no qual Deus demonstra Sua justiça, retidão, ira e poder, e através do qual Ele glorifica a Si mesmo.
6. O inferno é um lugar que Deus soberanamente criou, e tudo o que Deus faz é certo e bom por definição; portanto, é certo e bom que Deus tenha criado o inferno.
7. O inferno é um lugar que Deus soberanamente criou, e através do qual Ele glorifica a Si mesmo; portanto, é pecaminoso desaprovar ou ter repulsa por sua existência ou propósito, de qualquer jeito.
8. O inferno é um lugar que Deus soberanamente criou, e através do qual Ele glorifica a Si mesmo; portanto, é certo e bom oferecer louvor reverente e exuberante e ação de graças à Deus por sua criação, existência e propósito.
9. O inferno é um lugar sobre o qual Deus adverte na Escritura, e sobre o qual Cristo pregou em Seu ministério na terra; portanto, é certo e bom para os crentes pregar sobre o inferno, e pregar sobre a única forma de evitá-lo, que é a fé em Jesus Cristo, soberanamente concedida por Deus àqueles que Ele escolheu para salvação.
10. O inferno é um lugar que Deus predestinou para os réprobos; portanto, embora seja certo e bom pregar indiscriminadamente o evangelho a todos os homens, para chamar os eleitos e endurecer os réprobos, é errado e pecaminoso pregar como se Deus desejasse sinceramente a salvação dos réprobos, ou como se fosse possível para os réprobos receberem a fé e serem salvos.

Nota sobre #2: Qualquer condição que pareça correlacionar com a reprovação de Deus de um indivíduo, foi, em primeiro lugar, soberanamente decretada por Deus para ser parte deste indívuduo. Uma pessoa é escolhida para o inferno não por (ou sobre qualquer condição determinada por) seu próprio “livre”-arbítrio (que não existe de forma alguma), mas pela vontade soberana de Deus, que também soberanamente decretou e ativamente forneceu todas as condições que o próprio Deus considera apropriadas e necessárias, tais como o pecado e a incredulidade.
Nota sobre #6: Encontramos uma analogia na existência/criação do mal. Embora o mal seja mal (o mal não é bom), visto que o mal existe somente porque Deus ativamente e soberanamente o decretou (não passivamente ou permissivamente), portanto, é bom que exista o mal. Em outras palavras, o mal é mal (o mal não é bom), mas o decreto de Deus é bom –– isto é, Seu decreto de que o mal deveria existir por Sua vontade e poder ativo. Colocando isso de uma forma simples: o mal é mal, e não bom, mas Deus não errou em decretar o mal; Ele fez uma coisa certa e boa em decretar o mal. Da mesma forma, Deus fez uma coisa certa e boa ao criar o inferno e ao soberanamente, ativamente e incondicionalmente pré-determinar a condenação dos réprobos.
Nota sobre #7: É certo e apropriado considerar e discutir o assunto com temor e tremor, conhecendo a severidade e o poder de Deus, mas é errado e pecaminoso considerar e discutir o assunto de uma forma que, mesmo remotamente, implique numa desaprovação ou repulsa para com o inferno, como que dizendo que Deus fez algo errado ao criá-lo. Desaprovar ou ter repulsa pelo inferno não é um sinal de compaixão bíblica, mas um sinal de rebelião pecaminosa, que deseja o bem-estar e o conforto humano aparte da fé e da santidade, e aparte da dependência da graça de Deus.
Nota sobre #10: Eu tenho em mente a assim chamada “oferta sincera” do evangelho. Eu discutirei isto em outro post, esta semana.

QUERO ABRIR A MINHA IGREJA



QUERO ABRIR A MINHA IGREJA
É comum atualmente vermos igrejas nascendo a cada dia, em algumas cidades e em alguns bairros, existem igrejas em cada esquina, uma atrás da outra ou uma seguida da outra. Igrejas é o que não falta nos nossos dias, igrejas de todos os tipos e para todos os públicos. Antigamente muitos tinham temor ao falarem sobre igreja, mas atualmente perdeu-se este temor ou respeito que se tinha pelas coisas de Deus, perdeu-se a reverência e a noção das coisas.
Uma das coisas mais tristes e lamentáveis nos nossos dias, é vermos todos querendo abrir igrejas e denominações, e querendo liderar. Facilmente ouvimos alguém dizendo: vou abrir minha igreja ou abri a minha igreja. Poucas pessoas ousavam abrir igrejas, poucas pessoas se atreviam em começar mais denominações, mas atualmente, se tornou uma grande febre, todos querem abrir igrejas, denominações e querem liderar.
Eu não acho que seja uma abominação abrir uma nova igreja ou uma nova denominação, o errado e o comum nos nossos dias, é abrir-se igrejas e denominações, simplesmente para se satisfazer o próprio ego ou para se ganhar algum dinheiro. Muitas vezes, por mais que as pessoas não declarem e nem aceitem, as intenções e as motivações que as levam a começarem igrejas e denominações, não são bíblicas e nem para a glória de Deus. Eis aqui uma pequena lista das motivações por detrás de várias igrejas e denominações:
·        Fácil enriquecimento.
·        Ofertas e dízimos.
·        Glória própria.
·        Privilégios.
·        Renome.
·        Reconhecimento.
Quando se começa uma igreja, deve ser realmente sob a direção de Deus, deve ser segundo o plano de Deus e o trabalho deve ter a Palavra de Deus como base. Uma igreja cristã não deve ter como base as palavras de um homem e nem deve seguir a vontade de um homem.
Boas motivações:
·        Pregar o verdadeiro evangelho.
·        Ensinar a Palavra de Deus.
·        Salvação de vidas.
·        Edificação de vidas.
·        Libertação de vidas.
·        Consolação de corações.
·        Glorificação do nome de Jesus.
Quando uma pessoa quer começar uma nova igreja ou uma nova denominação simplesmente porque não está satisfeito com a igreja onde está, ou porque se desentendeu com o seu líder, está tomando uma decisão errada e está entrando num caminho obscuro. Existem muitas pessoas que começam igrejas simplesmente:
·        Porque não gosta mais do líder da sua igreja ou denominação.
·        Porque não gosta mais da sua igreja.
·        Porque os seus irmãos em Cristo não gostam mais dele como antes.
·        Porque não tem mais influência como tinha antes.
·        Porque não gosta mais das pregações dos seus pastores ou dos seus colegas ministros.
·        Porque foi suspenso ou afastado da igreja.
·        Porque não quer ser controlado ou mentoreado.
·        Porque se acha capaz e competente para ser pastor ou líder.
·        Porque acha que já ouviu muito.
·        Porque acha que já aprendeu muito.
·        Porque acha que Deus o chamou.
·        Porque acha que tem condições financeiras e materiais para abrir e começar uma igreja.
·        Porque tem um grupo de pessoas que estão dispostos a seguir-lhe.
·        Porque alguém está pronto a financiar a nova igreja.
·        Porque algumas pessoas estão querendo e lhe estão pressionando para começar.
Começar uma igreja não é o problema, o problema é ter a aprovação de Deus para isso e ter a sua presença permanente neste trabalho. Existem muitas igrejas, que Deus não aprova e nem se faz presente nelas. Existem várias igrejas que levam e usam o nome de Cristo, mas não têm nada de Cristo.
Muitas pessoas colocam ênfase na palavra “minha”, querendo demonstrar que a igreja é sua, fundou, dirige e administra. Não só nas palavras, mas através de palavras e comportamentos, demonstram que são donos e proprietários das igrejas que dirigem. Por mais que alguém abra uma igreja, se esta igreja é de Cristo e obedece os padrões bíblicos, não é igreja de um homem. Se eu começar a considerar a igreja que eu dirijo como minha, deixa de ser uma igreja de Cristo. Eu não posso abrir a minha igreja, se vou abrir, que seja a igreja de Cristo, segundo a direção e a vontade Deus, e, obedecendo os padrões estabelecidos pela Bíblia. A igreja de Deus deve ter Cristo como alicerce, foco, método, mestre e pastor. Quando uma igreja foge disso e segue outros caminhos, ou, tem um nome humano no centro, por mais que encha e tenha muitos fiéis, deixa de ser uma igreja de Cristo, se torna um mero ajuntamento, um lugar de entretenimento e de auto-ajuda. 

É FÁCIL DE MAIS SER PASTOR




É FÁCIL DE MAIS SER PASTOR
Conheci alguém que se converteu e depois de cinco meses se tornou pastor, um outro, nem era cristão, depois de ficar desempregado, decidiu se tornar pastor, e 2 meses depois começou a ser chamado de pastor. A cada dia aumentam mais os casos de pessoas que se tornam pastores da noite para o dia. Casos de pessoas que compram o título, casos de pessoas que depois de cursos bíblicos se auto-proclamam pastores, casos de pessoas que entram pelo dinheiro ou pelo prestígio, etc. Alguns dormem ímpios e acordam pastores, se proclamam pastores da noite para o dia, e todo mundo aceitam na boa. Depois de um sonho ou de uma visão, a pessoa mesmo não convertida ainda, diz que Deus a chamou e assim se intitula.
Uma das ocupações mais fáceis dos nossos dias é o de pastor, todos se tornam pastores, a qualquer momento e em qualquer lugar. Existem atualmente pastores de todos os tipos e para todos os gostos, parece que é mais fácil se tornar pastor do que se tornar qualquer outra coisa.  Vivemos dias em que existem mais pastores do que igrejas, para cada igreja existem 50 pastores.
Antigamente ser pastor era uma vergonha para muitos, mas atualmente se tornou moda e mania, todo mundo quer e todo mundo entra, até aqueles que não têm o chamado ministerial e muito menos nasceram de novo. Ser pastor se tornou uma questão de status e de prestígio, se tornou algo fácil e sem honra para alguns.
Anos atrás, era muito raro vermos jovens pastores, mas hoje em dia, a metade ou mais do que a metade dos pastores, são jovens. Os jovens cristãos (vocacionados para o ministério ou não), fazem de tudo para serem chamados de ministros ou pastores. Em alguns círculos e em algumas igrejas é uma grande disputa entre os jovens irmãos, lutam entre eles e fazem de tudo para passaram a frente dos outros, vão além de tudo que se possa imaginar e de tudo o que é permitido. Muitos acham que todo jovem cristão deve se tornar pastor ou ministro, mesmo não entendendo nada de ministério e nem tendo vocação para tal.
Sinceramente, o ministério se tornou um campo de batalha, um comércio, uma mera brincadeira ou talvez, um meio de se ganhar a vida com facilidade. Alguns pagam para serem ordenados, pagam para receberem credencias e crachá, e nem se preocupam com um chamado genuíno e autêntico, ou com um preparo consistente e adequado. Ser pastor, para muitos, é um simples passatempo, e para outros, uma simples profissão, ou seja, por mais que não tenha vida condizente, coerente e digna, pouco importa, o importante é exercer o “ofício”.

Algumas razões que fazem com que muitos queiram se tornar pastores
Muitas pessoas acham que devem se tornar pastores simplesmente porque:
·        Entendem muito de Bíblia.
·        São tementes a Deus.
·        São fortes em oração.
·        São fervorosos na obra de Deus.
·        São altamente capacitados intelectualmente.
·        Fizeram muitos anos na igreja.
·        Fizeram muitos anos na vida cristã.
·        Fizeram muitos anos servindo a Deus.
·        Fizeram muitos anos ao lado dos pastores.
·        Fizeram um curso de Bíblia.
·        Fizeram um curso de teologia.
·        Fizeram um curso de oratória.
·        Fizeram um curso de liderança.

As bases que as pessoas têm
·        Profecias.
·        Sonhos.
·        Visões.
·        O apoio das pessoas.

Muitas pessoas tomam como base para o ministério, coisas que nunca podem ser tomadas como bases. O ministério vem de Deus e não de uma pessoa, o ministério não vem em sonhos ou visões. Não vem de um homem ou de um pastor. E por mais que venha de Deus, precisa ser provado e aprovado. O vocacionado precisa passar por um bom preparo e por várias etapas antes de ser ordenado ou confirmado como ministro de Deus.
Muitos hoje não querem e nem aceitam o tempo de preparo e capacitação, quando se apercebem que foram chamados ou que têm uma vocação ministerial, querem logo a confirmação por parte da igreja e dos outros ministros mais experientes. Outros, a vocação os leva a cometer loucuras e palhaças, fazem de tudo para serem ordenados ao ministério. Não aceitam bons conselhos e nem orientações sábias de pessoas que já estão no ministério há mais tempo.
Ministério é coisa séria, uma grande responsabilidade, talvez a maior de todas. Vem de Deus, mas precisa de um bom preparo e de um bom tempo de capacitação. Capacitação espiritual, psicológica, moral, intelectual, acadêmica, etc. Aquele que de fato recebeu o chamado de Deus, precisa primar pela excelência de tudo que oferece a Deus. Se realmente Deus chamou, então devo me preparar de todas as formas possíveis para melhor exercer este chamado.
A Bíblia nos ensina que todos aqueles que foram chamados por Deus, tiveram um tempo de preparo e capacitação. Quando Deus nos incumbe uma missão, antes, Ele quer nos preparar e lapidar. Moisés foi preparado por cerca de 80 anos antes de começar a exercer liderança, José foi preparado cerca de 13 anos, Samuel foi preparado desde a sua infância, Davi foi preparado cerca de 13 anos. Moisés preparou Josué, Elias preparou Eliseu, Eli preparou Samuel, Davi preparou Salomão. No Novo Testamento a mesma coisa se repete, Jesus preparou os seus discípulos durantes cerca de 3 anos, Paulo preparou Timóteo e Tito. Pedro e os outros apóstolos prepararam homens que continuaram o legado depois.
É muito triste e lamentável a forma como muitos têm banalizado e desvalorizado o ministério, encaram o ministério como algo meramente humano. Muito triste a forma como muitos lutam para chegar à ordenação ministerial, para muitos, o ministério não passa de um alto estágio que todo cristão deve chegar. Devemos saber que um dia Deus pedirá contas de tudo que se fez em seu nome, a sua igreja ou com os dons que Ele nos concedeu. Em minha humilde opinião, as igrejas e os pastores anciões deveriam colocar mais exigências para se obter a ordenação ou confirmação ministerial, deve haver critérios rigorosos baseados na Bíblia. O que hoje é fácil, deve se tornar um pouco mais difícil e trabalhoso, devemos valorizar o chamado e a vocação que vem de Deus. (Rm 1:1; Ef. 1:1)

TIPOS DE PASTORES


TIPOS DE PASTORES
Os que se colocaram a si mesmos
·        Os que gostam de ser pastor.
·        Os que se tornaram pastores por cobiça.
·        Os que se tornaram pastores por ilusão.
·        Os que se tornaram pastores por ganância.
·        Os que se tornaram pastores por causa do prestígio.
·        Os que se tornaram pastores por causa da falta de emprego.
Os que foram colocados por outras pessoas
·        Os que foram colocados pela família.
·        Os que foram colocados pela denominação.
·        Os que foram colocados pelos seus líderes.
·        Os que foram colocados pelos amigos.
Os que realmente foram chamados por Deus.
Rm 1.1  ; Ef 1.1

quarta-feira, 10 de outubro de 2012


UM DEUS OU VÁRIOS DEUSES?

O APARECIMENTO DE “DEUSES” NA TERRA

Em que criam os primeiros seres humanos que povoaram o mundo: na existência de um único Deus ou em vários deuses? Para este tema têm-se voltado centenas de filósofos, etnólogos e historiadores. Ao longo dos séculos, muitos estudos têm sido feitos para se saber que idéia influenciou primeiro as populações primitivas: Se o monoteísmo (ou seja, a crença na existência de um único Deus), ou se o politeísmo (a crença na existência de vários deuses).
O curioso é que, estando incluído entre os pensadores que têm debatido sobre este assunto, o filósofo francês Voltaire, apesar de sempre ter-se mostrado propenso a apegar-se a idéias anarquistas e antibíblicas, acreditava plenamente que a forma originária de crença do ser humano fora a da existência de um único Deus. "O politeísmo surgiu muito tempo depois, devido à fraqueza humana", concluiu o famoso escritor.
Ora, o interessante é que a posição da maior parte dos etnólogos modernos (homens que se dedicam ao estudo das práticas religiosas e dos costumes dos povos primitivos) diante da questão, é a mesma adotada por Voltaire. Um exame da Bíblia neste sentido nos mostra também que o que houve na humanidade foi uma degradação: da crença na existência de um único Deus: os homens passaram pouco a pouco a cultuar e a crer na existência de vários deuses.
Por esse motivo, a luta antipoliteísta e anti-idolátrica marca de ponta a ponta as páginas das Sagradas Escrituras, e o posicionamento dos que nela deixaram os seus registros inspi­rados é semelhante ao conteúdo desta afirmação do profeta Jeremias:
Mas o Senhor Deus é o verdadeiro Deus; ele mesmo é o Deus vivo, o Rei eterno. Do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação. Assim lhes direis: esses deuses, que não fizeram os céus e a terra, desaparecerão da terra e de debaixo deste céu (Jeremias 10:10,11).

DESVIOS  DA HUMANIDADE
Em todos os locais onde a cultura humana floresceu, nos grandes ou pequenos redutos onde foram encontrados monu­mentos religiosos ou qualquer outro vestígio de práticas reli­giosas, tem-se verificado que houve uma decadência no primi­tivo sentimento de adoração a Deus. A princípio o homem considerava a Natureza, e tudo o que nela existe de mais belo, como sinais da existência de um Deus único, individual, invi­sível e superior ao mundo. Tudo anunciava a existência de Deus, mas não era visto como o próprio Deus, concebido como ser total e essencialmente único. Portanto, a crença na existên­cia de vários deuses, surgida tempos depois, foi uma degeneração, uma conseqüência da observação supersticiosa da Nature­za, e do temor diante dos diversos fenômenos e seres nela existentes. Mas foi sobretudo resultado da inegável atuação das hostes malignas de Satanás.
Portanto, várias circunstâncias contribuíram para desviar a humanidade, através de séculos e milênios, da crença na existência do verdadeiro Deus. A medida em que a crença em muitos deuses ia se alastrando entre os povos, os seres huma­nos passaram a adorar os ídolos da casa, da tribo, da cidade, da selva, do reino, da nação, do império. Passou-se a adorar e a servir a criatura em lugar do Criador, caindo-se na abominá­vel confusão denunciada muito tempo depois pelo apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos: "Mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram a criatura em lugar do Criador, que é bendito eternamente" (Romanos 1:25).

DEUSES POR TODA PARTE

Assim, a Terra passou a ser adorada pelas religiões siro-fenícias, como mãe fecunda de todas as outras divindades; o sol passou a ser cultuado pelos egípcios, e, tempos depois, pelos japoneses; o céu tornou-se o deus dos chineses; os persas adoravam o fogo, vendo-o como uma gigantesca ave do céu com asas de ouro, a travar combates tremendos com os "espíritos da noite". Inventando deuses e mais deuses, a humanidade foi-se distanciando cada vez mais da crença original de um único Deus soberano. A água, o vento, a chuva fertilizadora, o sol, o orvalho, o trovão, o relâmpago, as nuvens, os animais — tudo, tudo passou a ser divinizado. Conforme comentou o orador francês Bossuet, "tudo era Deus, menos o próprio Deus".
Ora, mas que Deus é este que o espírito humano há tantos séculos sabe de sua existência, mas não consegue compreen­der? Por acaso ele é o mesmo que os deuses informes dos selvagens, o Phtah dos egípcios, o Bel dos assírios, o Odin dos escandinavos, o Wotan dos tedescos, o Teutates dos celtas, o Zyus dos brâmanes, o Zeus dos gregos, o Júpiter dos romanos, o Alá dos maometanos? Não! "Porque o Senhor é o grande Deus, e grande Rei acima de todos os deuses", declarou o salmista (Salmo 95:3). E o profeta Isaías acrescentou: "Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus" (Isaías 44:6). "Eu creio no Deus que criou os homens, e não nos deuses que os homens criaram", declarou energicamente o escritor francês Alexis Karr.

ISRAEL E A CRENÇA EM UM ÚNICO DEUS
Diante do aparecimento e da propagação de tantos deuses no mundo antigo, o puro monoteísmo de Israel, que se apresen­ta como um acontecimento absoluto e único na história, supe­rando qualquer explicação psicológica, cultural ou étnica, é verdadeiramente um milagre. Os estudiosos têm concluído, admirados, que o fato de a religião de Israel ter reclamado para si, contra todas as religiões politeístas e mais antigas que ela, a adoração de um único Deus, está completamente fora das leis que regulam a evolução histórico-cultural da humanidade; é um fato surpreendente e cientificamente inexplicável.
Sabe-se, através de vários documentos, que a raça semita de onde se originou o povo de Israel teve originariamente a noção da existência de uma "Potência suprema". Por outro lado, os documentos que nos chegaram provenientes dos antigos povos cananeus revelam que, sob a influência de outros povos que transitavam na Mesopotâmia, os semitas, com a única exceção do povo hebreu, se degradaram moralmente e caíram no poli-teísmo. "Quem não reconhece a Deus por Senhor, terá que submeter-se a muitos senhores", diz um antigo provérbio.
Porém, apesar de a mentalidade desses povos, tanto semitas como de outras raças, entre os quais Israel peregrinava, ter sido totalmente politeísta, não há nenhum vestígio na Bíblia que mostre ter a influência dessas nações apagado por completo no coração dos israelitas a fé monoteísta, desviando-os totalmente da crença em um só Deus. Mesmo quando a nação caía sob a tentação dos cultos idolatras, a crença no Deus único e verda­deiro persistia na alma do povo, e era isso o que sempre possibilitava o arrependimento e o retorno de Israel aos cami­nhos do Senhor.

O DEUS DOS PATRIARCAS E DOS PROFETAS
Essa grandiosa solidão e exclusividade de sentimento reli­gioso experimentado pelo povo hebreu, verdadeira luz nas trevas, não se manifestou como uma afirmação ou experiência passageira, nem como resultado de profundas meditações filo­sóficas da parte dos líderes do povo. Ela aconteceu tão-somente devido à grandiosa intervenção do Senhor, que graciosamente elegeu Israel, instruiu-o e revelou-se a ele através de homens chamados e inspirados pelo seu Santo Espírito: os patriarcas e os profetas. Foi através desses homens que Deus se manifestou plenamente no meio da nação israelita, e irradiou fulgores que, sem limites de espaço e de tempo, anunciam a verdade e a salvação a todos os seres humanos, através de todas as geraçõ­es.3
Portanto, por intermédio dos patriarcas e dos profetas, o povo hebreu foi alcançado pela revelação de um Deus que é o mais elevado, o mais sublime entre todos os deuses, o único e verdadeiro Deus. A Bíblia é a história dessa revelação. A glória de Israel é, portanto, a de haver sido o primeiro, entre todos os povos, a receber a verdadeira idéia de Deus. Foi o único povo que primeiramente conheceu e professou o monoteísmo puro, apesar da posterior e forte atração que os seus filhos tiveram para o politeísmo semítico. Porém, no panorama religioso de todos os tempos, jamais existiu um monoteísmo tão severo e tão zeloso. Sua história, narrada na Bíblia, não é outra coisa senão a luta pela supremacia absoluta do único e verdadeiro Deus, superior aos reis vitoriosos, aos povos poderosos e aos seus deuses.

REVELAÇÃO DE DEUS NO MONTE HOREBE
Moisés havia levado o rebanho de ovelhas do seu sogro Jetro para o lado ocidental do deserto, até chegar aos pés do monte de Deus, o Horebe. Subitamente, o resplendor de uma sarça em chamas no alto do monte despertou a atenção do patriarca, e ele resolveu subir para ver de perto aquela maravilha — o fogo queimava, mas a sarça não se consumia! Ao aproximar-se, uma voz misteriosa e sublime elevou-se de dentro das chamas:
Moisés, Moisés, não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa. Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó (Êxodo 3:1-6).
Após declarar que vira o sofrimento do seu povo sob a opressão dos egípcios, o Senhor fez saber a Moisés que o encarregara de libertar a nação escolhida. Temeroso, o genro de Jetro quis saber qual era o nome próprio de Deus, nome que lhe serviria para justificar a autoridade daquela missão. E o Senhor lhe respondeu: "EU SOU O QUE SOU... Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros".
Diante desta revelação, religião alguma alcança semelhante sublimidade! É difícil explicar o que a conquista dessa tão alta idéia da natureza de Deus representa para o povo hebreu, 13 séculos antes do aparecimento do Cristianismo.
Porém, haveria no povo de Israel algum mérito especial que tivesse determinado sua eleição por parte do Senhor? Não. Para eleger, Deus não depende das súplicas humanas, nem das qualidades morais que um homem ou um povo por acaso possua. Essa eleição depende tão-somente do seu amor e da sua fidelidade:
O Senhor não se afeiçoou de vós, e vos escolheu por serdes mais numerosos do que todos os outros povos, pois éreis menos em número do que todos os povos. Mas porque o
Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte, e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito (Deuteronômio 7:7, 8).
Esse amor misterioso do Pai celestial é absolutamente livre: não está sujeito aos critérios humanos de julgamento.
Essa eleição é recíproca. Da mesma forma como Deus escolhe seus fiéis no meio da multidão de homens, assim também os eleitos devem escolher a Deus, excluindo totalmente os falsos deuses. Esta reciprocidade, em que está encerrado todo o in-sondável mistério do amor divino e do regresso do pecador ao seio do Sumo Bem, é simbolizada e expressada como "pacto" ou "aliança": "Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, como aliança perpétua, para ser o teu Deus, e da tua descendência depois de ti" (Gênesis 17:7). Abraão reconheceu o Altíssimo, o Deus do Céu e da Criação, e só a ele dedicou o seu culto. E Deus honrou a fé e a integridade do seu servo.

NÃO NOS É LÍCITO REPRESENTAR A DEUS
Portanto, além de haver inundado a Natureza e a consciên­cia coletiva e individual de todos os povos com as provas de sua existência, Deus elegeu um povo e revelou-se a ele de forma especial, para, através desse povo, abençoar todas as nações da Terra, estabelecendo assim um caminho de salvação que con­duz a Cristo, o Salvador da humanidade, surgido em meio à confusão que os falsos deuses haviam causado.
"No evangelho de Jesus se consuma com perfeição a aspira­ção de tornar racional e de humanizar a idéia de Deus, que palpitava já desde os tempos mais remotos da tradição israeli­ta, sobretudo nos profetas e nos salmos, e que enriquecera e engrandecera o sentimento do sagrado... Assim, chegou-se à forma insuperável da crença em Deus Pai, tal como existe no Cristianismo, com Jesus Cristo", comentou oportunamente o escritor alemão Rudolf Otto.
Além de combater o politeísmo (a idéia da existência de outros deuses), a Bíblia também combate a idolatria (culto prestado a ídolos, geralmente representados por imagens de escultura dos falsos deuses ou do verdadeiro Deus): "Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem a elas servirás; pois eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso..." (Êxodo 20:4, 5). Porém, não podendo vê-lo pessoalmente, e sentindo-se irresistivelmente atraído pela curiosidade de saber "como ele é", o ser humano sempre carregou dentro de si um imenso desejo de representar a Deus através de figuras e símbolos.
A Bíblia combate esse desejo idolatra, por ele ser a negação da unidade e da transcendente invisibilidade de Deus. Além disso, a idolatria é uma tentativa de rebaixar o Criador à condição de uma obra feita por homens. O Ser Eterno e Supre­mo, origem da Vida, ficaria reduzido a um pedaço de madeira ou pedra inanimados, simples produto fabricado pelas mãos de um artífice. E isto sempre foi um ultraje, uma abominação à sua santa, digna e perfeitíssima Pessoa.
O culto das imagens de Deus, entre o povo de Israel, sempre constituiu-se em gravíssima transgressão da "aliança": "Guar­dai-vos de vos esquecer da aliança que o Senhor vosso Deus fez convosco, fazendo alguma imagem de escultura, figura de alguma coisa que o Senhor vosso Deus vos proibiu" (Deuteronômio 4:23). Só em Jesus Cristo a humanidade encontra a única representação verdadeira e completa de Deus. Ele está revelado nas páginas da Bíblia, e se revela dentro de nós. Em Jesus, temos Deus humanamente revelado, pois ele "é o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa" (Hebreus 1:3). E foi o próprio Jesus quem disse que "Deus é espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (João 4:24).

UM SÓ DEUS, E NÃO VÁRIOS DEUSES
"Temos deuses demais para serem verdadeiros", disse certa vez um antigo politeísta, desconfiado e incrédulo diante da adoração de tantos deuses. Ora, as mitologias antigas, as histórias lendárias dos primeiros povos mostravam o mundo sacudido e visitado por milhares de deuses, em sua maioria inimigos dos homens e inimigos uns dos outros, que se destro­navam, que se digladiavam, que se despedaçavam. Porém, à medida em que as pessoas foram reaprendendo a observar o mundo, notaram que a Natureza tem as suas leis, e essas leis são fixas. O Universo pareceu-lhes então uma obra-prima, criado e governado por um ser dotado de infinita sabedoria. A Bíblia foi a principal responsável por essa concepção da sobe­rana posição de Deus diante de todas as coisas. A mensagem que ela trouxe aos homens (inicialmente aos judeus, e depois ao mundo todo) abalou as bases da crença politeísta.
Portanto, as fictícias narrações de guerras ocorridas entre os deuses mitológicos passaram a impressionar cada vez menos o ser humano. A atuação e a existência desses deuses seriam confirmadas se o sol interrompesse o seu deslizar cotidiano no céu, se os astros se chocassem uns com os outros, se os rios corressem para as nascentes, se os mares e oceanos avanças­sem e cobrissem toda a Terra. Mas nada disso era visto. Ora, por acaso não haveria motivos para se pensar que existe um só Deus, que estabeleceu leis fixas e as mantém? Sim, pois se existissem muitos deuses, todos os dias os homens contempla­riam o resultado de suas vontades em discórdia, a confusão estaria estabelecida no mundo, e os fenômenos da Natureza seriam irregulares e descontrolados:
Porque assim diz o Senhor que criou os céus, o único Deus, que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a fez para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro (Isaías 45:18. ARA).
Portanto, além de ter-se revelado na consciência coletiva dos povos, na natureza e na consciência de cada indivíduo, Deus revelou-se na Bíblia, destronando os falsos deuses. Através das Sagradas Escrituras, a humanidade tem recebido o testemu­nho da existência do Deus único e verdadeiro, que é Rei, Pai e Criador dos céus e da Terra. Ele opera maravilhas entre os homens e detém em suas mãos o domínio do Universo. "Surgem e se vão novas formas, novas circunstâncias históricas e sociais, mas sempre e sempre, atrás e por debaixo delas todas, está a revelação de um Deus que não muda e que é eterno", escreveu o apologista Allan Richardson.
Porém, por que há pessoas que não crêem na existência de
Deus? Por que o ateísmo tem-se propagado tanto neste século? É possível o ser humano chegar à conclusão de que Deus não existe, apesar de se deparar com tantas e tão grandiosas provas de sua existência? E o que veremos no capítulo seguinte.

AS MARCAS DA PERFEIÇÃO DE DEUS


AS MARCAS DA PERFEIÇÃO DE DEUS

EU VI SEU RASTRO NA AREIA E NO CÉU]

Certa vez um homem que se dizia ateu, durante uma viagem ao Oriente, viu pela manhã o árabe que conduzia a caravana ocupado em suas orações. Intencionando embara­çar o árabe, o ateu aproximou-se e perguntou-lhe em tom de zombaria:
— Como sabes tu que Deus existe?
O condutor de caravanas respondeu, sem alterar o tom da voz:
— Quando observo a areia do deserto, posso facilmente saber pelas pegadas se passou um homem ou um animal. Igualmente, quando observo o mundo, a natureza ao meu redor e o Céu, posso afirmar que por eles passou a mão de Deus.
Sim. Os Céus, a Terra e a vida que há em nós proclamam a glória e a existência de Deus. Contemplando a vastidão dos mares, a imensidão dos céus e a admirável harmonia reinante no Universo, o homem sabe que não é o criador de tanta grandeza, e conscientiza-se de sua pequenez e da insignificân-cia de suas forças. Se estiver entre as pessoas que vivem na incerteza da existência do Criador de tantas maravilhas, excla­mará, repetindo as palavras do filósofo francês Blaise Pascal: "O silêncio eterno desses espaços infinitos me apavora!"
Porém, se estiver entre aqueles que nasceram de novo, não segundo a carne e o sangue, mas da água e do Espírito (João 3:5), reconhecerá a existência do Criador, e exclamará como o autor da Carta aos Hebreus: 'Tela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que o visível não foi feito do que se vê" (Hebreus 11:3).
O justo há de contemplar as belezas da Criação como mos­tras da formosura de seu Criador, como espelhos de sua glória, como mensageiros que nos trazem notícias dele, como reflexos de suas perfeições, como presentes que o Esposo envia à sua Esposa — a Igreja — para enamorá-la, até o dia em que a tomará pela mão para com ela celebrar aquele eterno casamen­to no Céu. O mundo todo parece-lhe um livro que fala sempre de Deus, uma carta que seu amado lhe envia, um longo docu­mento e testemunho de seu amor. Nenhum cristão, nenhuma pessoa que já tenha sido resgatada do pecado poderá ficar indiferente à grandiosa voz da Natureza, que proclama a existência e a glória de Deus.
O formosura tão antiga e tão nova — exclamou Agostinho, esse grande cristão do passado, ao contemplar o rastro de Deus impresso na Criação — quão tarde te conheci, e quão tarde te amei! Porventura és tu, Senhor, aquele de quem diz o salmista que és formoso entre os filhos dos homens?... Se nesse desterro não vejo a formosura de tua divina majestade, assim como és formoso no Céu, ao menos pelos efeitos chego ao conhecimento da causa, e pela formosura dos Céus, planetas, árvores, flores e variedade das mui vivas cores das coisas que tuas divinas mãos criaram, entendo, meu Deus e Senhor, ser abismo infinito de for­mosura a formosura de onde essas formosuras tiveram sua origem.3

VLTAIRE, ATEU, RECONHECE: DEUS EXISTE!
Portanto, a existência do Deus invisível é demonstrável pelos seus efeitos, pelas suas obras. O próprio escritor francês Voltaire (1694-1786), apesar de ter passado para a história como ateu e perseguidor do evangelho, escreveu certa vez em uma de suas cartas ao imperador da Prússia, Frederico II (1712-1786): "A razão me diz que Deus existe, mas também me diz que nunca poderemos saber quem é."
Ora, Voltaire era um homem que não levava em considera­ção o tesouro de revelação e conhecimento que a fé pode abrir para nós; após rejeitá-la, ele procurou viver à luz da razão, acreditando tão-somente naquilo a que sua capacidade intelec­tual o conduzia. Mas, apesar de sua incredulidade, Voltaire, através do raciocínio, chegou à seguinte conclusão, registrada no capítulo 2 de seu Tratado de Metafísica: 'Vejo-me forçado a confessar que há um Ser que existe necessariamente por si mesmo desde toda a eternidade, e que é origem de todos os demais seres.' No mesmo livro, algumas páginas adiante, o famoso "ateu" declarou: 'Todas as coisas da Natureza, desde a estrela mais distante até um fino talo de grama, devem estar submetidos a uma Força que os movimenta e lhes dá vida." Ora, que força é essa senão Deus?
Eis aí um homem considerado por todos um terrível ateu, curvando sua cabeça em reconhecimento da existência do Cria­dor, após maravilhar-se diante de tantas e tão sublimes provas da existência de Deus, perfeitamente visíveis na Criação!

NATUREZA: MISTÉRIO DE DEUS
Portanto, conforme ficou demonstrado até agora, Deus tem-se revelado tanto na Natureza como na consciência de todos os povos (a chamada consciência coletiva), e também na consciên­cia de cada ser humano (assunto do próximo capítulo). Ele infundiu em nossa alma a luz interior (essa voz interior que dá, dentro de nós, testemunho de sua existência), e em seguida ofereceu aos nossos olhos os sinais exteriores de sua existência, sabedoria e glória: as obras de suas mãos. Tudo quanto vemos nas criaturas de beleza, verdade, bondade e perfeição existe em Deus em um grau muito mais alto, puro e completo, pois tudo quanto se manifesta no efeito, deve existir necessariamente, e nos mais alto grau, na causa produtora: Deus.
Enquanto a formosura das criaturas é particular e limitada, a formosura de Deus é universal e infinita, porque nele está contida toda a formosura de tudo o que ele criou... Por mais belo que o imaginemos, Deus é mais belo ainda. Todas as perfeições se encontram nele. Sua força é infinita, sua beleza inigualável, sua existência é desde toda a eternidade e jamais terá fim. Ele é invisível a toda criatura mortal, mas visível através de suas obras. "Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus; e em toda a terra esplenda a tua glória", disse o salmista Davi (Salmo 108:5. ARA), e o profeta Isaías, erguendo sua voz na mesma tonalida­de de adoração, disse: "Ó Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, que habitas entre os querubins, só tu és o Deus de todos os reinos da terra. Tu fizeste os céus e a terra" (Isaías 37:16).

É IMPOSSÍVEL DEFINIR OU DESCREVÊ-LO
Portanto, é absolutamente impossível apresentarmos uma completa e essencial definição de Deus, pois ele, sendo perfeito e infinito, jamais poderia ser colocado dentro dos limites de uma definição. Definir não passa de uma tentativa de limitar aquilo que definimos, separando-o e distinguindo-o das demais coisas. Diante disto, Deus fica sempre infinitamente além de qualquer palavra ou conjunto de palavras empregadas com o intuito de defini-lo.
Pertence a um famoso cristão do V século a afirmação de que as perfeições de Deus são tão grandes e tão admiráveis que, se o mundo estivesse cheio de papel que pudesse ser usado na preparação de livros; se todas as pessoas existentes fossem escritores, e se toda a água dos mares se transformasse em tinta, tornar-se-iam repletos de palavras todos os livros, se cansariam todos os escritores e se esgotariam toda a água dos mares, e ainda assim não teria sido explicada uma só de suas perfeições.
"Assim como o mar é grande — declarou certa vez um admirador dos mistérios de Deus —, não só porque todas as águas dos rios entram nele, senão também por suas próprias águas, que são incomparavelmente muito mais abundantes, assim dizemos que vós, Senhor, sois mar de infinita formosura, porque não só tendes em vós as perfeições e formosuras de todas as coisas, mas também outras infinitas, que são próprias de vossa grandeza... Só o fato de ver e gozar de tua formosura basta para fazer bem-aventurados aqueles seres que moram junto a ti no Céu"... "Eu fiz a terra, e criei nela o homem. As minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos, dei as minhas ordens", disse o Senhor através do profeta Isaías (45:12).

O ASTRÔNOMO E SEU AMIGO
Conta-se que o grande astrônomo Kirchner no seu tempo de estudante tinha um amigo que dizia não acreditar na existên­cia de Deus. Ora, Kirchner sabia o quanto o seu amigo costu­mava apelar para a lógica dos fatos. Ambos moravam juntos. Aproveitando-se da prolongada ausência do companheiro de estudos, Kirchner fabricou um globo representando a Terra e o colocou em cima da mesa. Ao retornar, o amigo do astrônomo perguntou:
— Quem fez este globo?
__Ninguém — respondeu Kirchner. — Havia pedaços de madei­ra esquadros, papel, uma esfera, cola e pregos sobre a mesa. Eu estava distraído, procurando um livro na estante, quando de repente vi que no lugar onde estava aquele material apareceu este globo.
__Ah! ah! ah! ah! — gargalhou o rapaz. — Deixe de brincadeira e diga logo quem foi que fabricou isto, ou você acha que eu vou acreditar que o globo criou-se a si mesmo?
— Pois é, você está rindo diante da explicação que eu estou lhe dando, mas eu lhe digo que é mil vezes mais fácil aceitar que esse pequeno globo tenha se criado por vontade própria, do que acreditar que a Terra e todo o Universo criaram-se a si mesmos e são obra do acaso. Vamos, por que você não ri também disto?

APAGUEM AS ESTRELAS!
E impossível não reconhecer a marca de Deus impressa em tudo aquilo que ele criou. E é impossível também apagar essa marca.
Isto ficou provado durante um interessante episódio em 1789, em plena Revolução Francesa. Esse acontecimento histórico de repercussão mundial tinha sido intelectualmente preparado por políticos e filósofos inimigos do cristianismo. Durante a revolução, pilhas de Bíblias foram queimadas, igrejas fechadas e muitos cristãos lançados em úmidos cárceres, na tentativa de que a idéia da existência de Deus fosse apagada no espírito do povo.
Em uma aldeia francesa, um dos responsáveis pela persegui­ção religiosa disse a um camponês que a igreja da aldeia e tudo o que fizesse lembrar Deus seriam destruídos.
- Assim — disse o perseguidor — conseguiremos apagar os meios que levam o povo a crer na existência de Deus.
- Então o senhor terá que mandar apagar também as estrelas — respondeu o camponês. 8

O SOL É UM DOS SEUS EMBAIXADORES
— Onde esta o seu Deus? Você pode mostra-lo?— perguntou a vez o terrível imperador romano Trajano, ao rabino Josué.
— Meu Deus não pode ser visto, Excelência — respondeu-lhe o rabino. — Nenhum olho humano suportaria o fulgor de sua glória. Posso, porém, mostrar à Vossa Majestade um de seus embaixadores.
— Onde? Onde posso vê-lo?
— Aí fora, em vossos jardins, Majestade.
O imperador dirigiu-se para fora do seu palácio seguido pelo rabino. O sol brilhava esplendorosamente no céu, na força total do meio-dia.
— Levantai os olhos para o céu e vede, Majestade. Eis aí um dos embaixadores do meu Deus.
— Ora, mas não posso fitá-lo. Sua luz me deixaria cego!
— Senhor, não podeis olhar face a face uma das criações de Deus, e pretendeis ver o próprio Criador? 9

CÍCERO E O HOMEM DA CAVERNA
O testemunho da Criação é por demais eloqüente, claro e visível a todos; homem algum poderá ficar indiferente a esta voz, a este grandioso espetáculo produzido pelas mãos do Criador. Por mais destituído de cultura ou por mais materia­lista que seja o ambiente onde o ser humano vive, as provas da existência de Deus, essas vozes que proclamam a majestade e a glória do Criador, estarão sempre ressoando dentro do seu espírito, lá no interior de sua consciência, e fora dela, em seus ouvidos e diante dos seus olhos.
O conhecido orador romano Marco Túlio Cícero (106-43 a.C), para demonstrar ser quase impossível admitir que haja pessoas descrentes na existência de Deus, fez uso da seguinte ilustração:
Suponhamos haja um homem que sempre tenha vivido afastado da convivência social, preso em um lugar sub­terrâneo, de modo que nunca tenha podido ver nada; suponhamos que um dia esse homem saia de sua morada subterrânea, olhe a paisagem que se estende ao seu redor, e veja o céu pontilhado de estrelas que brilham maravi­lhosamente, numa noite tranqüila de verão, enquanto a Lua difunde a sua luz suave. Suponhamos que alguém explique a esse homem que o número de astros contemplados pelos seus olhos nada representa diante do infinito número que seus olhos não conseguem contemplar. Horas depois, o sol ergue-se no horizonte, inundando de luz o firmamento...
Pois bem, dizei-me: diante do espetáculo do Céu estrelado e da harmonia que reina entre os astros; ao contemplar o esplendor da luz e do Sol e as maravilhas da natureza, que pensamento nasceria na mente desse homem? Que per­gunta brotaria dos seus lábios? Tomado de espanto, esse homem não faria senão exclamar: "O maravilha, ó gran­deza! E quem fez este Céu? Quem lhe pôs estes astros, e lhes regulou os movimentos? Quem criou este Sol e o pôs lá em cima?" E restaria a nós responder-lhe tão-somente: "Quem fez tudo isto não foi certamente um homem; não foram muito menos todos os homens juntos, mas sim Deus! Só Deus poderia criar essas maravilhas de poder e sabe­doria."10

NECESSIDADE DE UMA COMPLETA REVELAÇÃO DE DEUS
Diante do que foi exposto até agora, é necessário, porém, que isto fique bem claro: a crença coletiva demonstrada por todos os povos quanto à existência de um Deus soberano, e o teste­munho de sua existência proclamado em suas obras não se constituem numa completa revelação de Deus ao homem. Ape­sar de ver as "pegadas do Criador" impressas na Criação, não são essas maravilhas da natureza que conduzem o ser humano aos pés do verdadeiro Deus; não são elas que o levam a aceitar e a se incluir no plano traçado pelo Criador para salvar suas criaturas. Por isso, além de ter-se revelado na voz da natureza e na consciência do homem, Deus se revelou também na Bíblia, através dos profetas, e sobretudo no seu Filho, Jesus Cristo.
O caminho para Deus não está, portanto, nas estrelas (ape­sar de elas proclamarem, em todo o Universo, sua existência), e sim no interior do homem, na fé que nasce dentro dele e se projeta na pessoa de Jesus Cristo — autor e consumador dessa fé. O universo fala a todos da existência de Deus, mas quem reconduz o homem ao seu Criador é Jesus Cristo, a mais completa e perfeita revelação de Deus à humanidade.

Conteúdo tirado de um livro